terça-feira, 16 de março de 2010

"Outra face, um novo enlace"
Quem nunca desejou uma nova personalidade, que atire a primeira pedra...

Queria muito mudar minha face. Ser outra pessoa para saber como é ver o mundo com olhos de outrem. Queria resolver-me, poder completar-me, sem delongas e de forma redonda, assim como uma identidade que simplesmente se encontra. Nada construído, simplesmente conhecido – saber quem se é, a essência de si mesmo. Mas a que preço? Sinto-me um enigma de cortinas fechadas, de cores apagadas, cuja surpresa maior ainda não se sabe nem se conhece, algo nebuloso que, no futuro, se Deus quiser, acontece! Hoje, entretanto, nada. Vazio. Ausência de cor, a alma experimentando, um tanto ressentida, um fiozinho de dor. Nada a mostrar, a acrescentar, nenhuma forma ou matemática definida, um texto que nem chegou a ser concluído, iniciou-se apenas na idéia de um grande artista, que ficou responsável por tal subscrito... Sinto-me guardada em névoas de pensamentos, emaranhados de sentimentos, impedida de me mover, totalmente desprovida de conteúdos, embalagens, definições. Um alguém sem rosto e sem prescrições. Ando por ruas tão conhecidas, esquinas já frequentadas por séculos, almas parecidas, que me desfaço em tédio e monotonia, líquido que percorre as entranhas de todo dia. Todo dia, tudo igual, nada de anormal. Tenho a impressão de querer arrancar as cortinas, conhecer minha nova face, espetáculo de palavras poderosas e forças desbravadas. Quem seria essa nova mulher, que tanto quer? De quem seria essa outra face minha, escondida, impetuosa e desconhecida? Então tudo isso passa.... A ânsia se vai e fica só a lembrança de uma incerta vontade, o sono do todo dia me consome e esqueço a quem de verdade pertence esta personalidade! Fico a imaginar como seria estar na face de outro: usar sua lente pessoal, vida individual e capacidade mental? Os olhos seriam melancólicos como os meus e teriam a beleza que a dúvida espelha? Sua vida teria experiências válidas e fortificadas por dores cicatrizadas e perguntas cujas respostas nunca são encontradas? A capacidade mental refletiria todo o seu infinito potencial, mesmo que perdida em um imensurável drama espiritual? Não sei. Não tenho respostas; se não, não quereria mudar de face, não haveria sequer cogitado! Para que tanto trabalho? Então, Espero. Suspiro. Almejo. Universo, por gentileza, execute meu desejo! Quero ser e estar, desesperadamente, na mente de outrem, mas por favor, nada de surpresas indesejadas, lembranças doloridas ou pensamentos fora do lugar.... nada de amores não correspondidos, dramas não resolvidos, ou eu não iria suportar. Seria possível, pergunto, com alguma magia do destino, talvez se eu concentrar toda a minha energia, desfazer-me de mim e encontrar-me comigo mesma? Talvez com uma face disfarçada, mas com as cortinas arrancadas, a luz inundada e uma bela história, bem elaborada? Uma nova face, um novo enlace! Preciso de um novo disfarce... Enfim, um sonho finalizado por um Criador talentoso e ousado, um sonho que existe não fora, mas dentro de mim.


E, por favor, universo, poderia me dizer que sim?

Um comentário:

  1. Oi Bia! Adorei a poesia, palavras bonitas e assertivas, me identifiquei...
    Parabéns!! Beijo
    Luciana B. Faria

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Leia até o final, não é balela de autoajuda. É autopreservação

Você merece mais uma chance. Você precisa de mais de um amigo de verdade. Você não precisa de mais aborrecimentos do que já tem. Você...