domingo, 23 de setembro de 2018

Os 40 anos - A “Ilha da Fantasia”

Ter 40 anos é um pouco assustador. Não como uma montanha-russa; mais parecido com pular de paraquedas. Explico a seguir.

Os 40 te dão coragem para fazer coisas que nunca fez antes, mas também dão um medo de outras, praticamente inimagináveis. Seus gostos se aprofundam, se intensificam, e seus temores se engrandecem. Por isso, te digo: quando você realmente tem vontade de algo por inteiro, aproveita, porque talvez a vontade dos 40 seja mais esfomeada, embora seja um pouco mais reservada que as anteriores.

Ter 40 anos não significa já ter atingido o pico reluzente da montanha, ou desvendado o grande mistério da vida. Nem quer dizer que já estabilizou-se financeira e emocionalmente. Tampouco, que já sabe tudo – que tamanha empáfia e arrogância acreditar nisso!

Caramba, você pode estar com um nó impressionante de assuntos para resolver, mesmo à essa altura da estrada. Aí, pensa: ou vai, ou racha. Já não tenho mais 20 anos, com tempo de sobra para cometer erros, nem 30, imbuído de toda aquela certeza e presunção do “posso tudo que quiser.”   

Não. Não dá para relaxar aos 40, e tampouco para imaginar a vida pacata e mais estabilizada, segura e sem tropeços financeiros (ou amorosos). Acabou a ilusão, sem choro nem vela. Encare a realidade: você vai ter que se reinventar e se desdobrar, mesmo que os 40 sejam 2 x 20. Pois é! Ainda não dá pra relaxar, porque isso, meu caro, faremos quando morrermos. É hora de arregaçar as mangas. Que estão mais longas devido à idade avançada (não resisti, brincadeira, rsrs).

Enfim, “nessa idade”, as crises de consciência ainda acontecem, só que mais pesadas. Mais experientes! Ainda duvidamos sobre qual seja a definição mais apropriada de nós mesmos, ainda não temos certeza se a nossa comida preferida é massa ou japonesa, se queremos casa ou apartamento, se estamos felizes ou apenas acomodados, etc. Quem disse que as dúvidas e crises existenciais são privilégios dos adolescentes? Não sabemos, sobretudo, se sabemos bem o que estamos fazendo. É um paradoxo, não?

Então, que caia a máscara dos 40!

Podemos afirmar que, ao badalar dos 40, já acumulamos sorrisos para mil lembranças, lágrimas para rios intermináveis e experiências mais que válidas para algumas boas vidas. Assistimos a um desfile de pessoas incríveis ou decepcionantes, que perfilaram nossos dias (ainda bem que algumas não continuaram na passarela por onde as demais passaram; resolveram parar para assistir ao desfile, ao nosso lado). Já caímos e levantamos, e sacudimos a poeira, vezes incontáveis. Já gastamos nossa energia, esforço e dinheiro; perdemos a autoestima e a recuperamos; aprendemos a valorizar e desvalorizar e já pisamos e fomos pisados o tanto que sapatos podem aguentar. Já fomos adorados e esquecidos. Também já temos nossa cota de esquecimentos, assim como de enaltecimentos. Temos coleção de tudo: décadas, histórias e amigos (e inimigos?). O que mais desejamos acumular? De quê ou de quem devemos nos divorciar, nesta época de nossas vidas?

Ah, os tais 40... Uma coletânea de fitas em cassete, com um som pop-rock bem balanceado, de um jeito dançante, junto com uns CDs que a gente ama, que tocam somente em micro systems, vulgo aparelhos de som, eternamente, em nossos corações de vinil, onde “fazer amor de madrugada” era bem mais interessante do que descobrir “que tiro foi esse”.

Resumindo, acredito acho que temos muito o que fazer aos 40. Mais ainda do que antes, porque o antes já acabou e o futuro, não se sabe, nunca se viu. É uma ideia que criamos sobre estarmos felizes e realizados em vários aspectos, na “Ilha da Fantasia” da maturidade, nessa ilusão que um dia tivemos, mas que, hoje, por questões práticas, políticas e reais, deixou de existir.

Já ouviu falar da Ilha da Fantasia? Que bom, estou falando com alguém da minha idade (outra à qual não resisti, rsrsrs). 

Boa viagem aos 40! Porém, se já chegou lá, acomode-se e sente-se na janelinha, pois a jornada será emocionante e totalmente sem garantias financeiras e sentimentais!

E, claro, com discos de vinil como trilha sonora. Sem pendrives nem spotify. 

domingo, 19 de novembro de 2017

Estou (sempre) de férias

Devíamos dizer que estamos em estado de espirito "férias", às vezes.
"Olá, tudo bem?"
"Eu vou bem, estou em férias, e você?"
Férias é uma palavra mágica que tem conotação de descanso, alegria, praia, sol, neve (?), viagens. Acordar tarde, fazer nada, não pensar em nada. Fazer o que quiser. E, claro, não trabalhar.
Então, por que seria tão especial tirar férias se não fosse apenas uma vez ao ano? Tem gente que nunca sai de férias. E aí, estas pessoas nunca saberão como é esse gostinho de liberdade tão doce quanto merecido?
Por isso, acho que devíamos sair de férias todos os dias. Sair por cinco minutos, dez minutos, antes do trabalho, depois, antes de dormir, não importa. Simplesmente, adotar um ambiente mental para onde possamos ir quando desejarmos. Não teria horário nem data marcada, como na passagem aérea, que determina exatamente o horário em que estaremos "off" - de férias.
O que, nem sempre, faz-nos sentir mais leves ou menos preocupados. Também tem isso - tem gente que sai de férias, mas não sai do trabalho, nem dos problemas. Nem das manias de habitantes de grandes cidades. A pessoa sabe que poderia relaxar, se sentir bem, mas está lá, achando que nada está bom, pensando coisas ruins, fazendo tudo igual, e querendo infernizar o mundo. Não desliga e não deixa os outros desligarem.
Se férias fosse um estado mental, poderia ser acessado a hora que quisermos. Sem check in nem check out, apenas uma pequena viagem instantânea dentro da mente e da alma. Uma imagem, uma lembrança, um livro, uma música. Férias. Instantâneas. Fresquinhas (ou quentinhas), sem custo nenhum, com direito a ir para onde quiser. Sorrir à toa. Andar descalço na terra. Sonhar com aquele projeto. Dar uma escapadinha para fazer uma massagem. Tomar um café ou ir ao shopping na hora do almoço. Ou fechar-se, como em uma meditação, e ir para outros estados de consciência.
E fazer prolongar aquela sensação, mesmo que seja complicado, em meio à tanta correria, lamúrias e farpas da vida, que nos rondam o tempo todo. Inclusive as nossas.
Em certos momentos, já é um tanto áspero conviver consigo, juntando-se aos outros, a coisa fica negra. Energia rubra.
Então adotemos esse estado de espírito maravilhoso e totalmente espiritual, nas nossas férias naturais.
Façamos dele um estado perene que nos lembre que a vida é um sopro para estarmos sempre em estado de stress, depressão, angústia e na defensiva.
Por que é tão difícil? Porque nos acostumamos ao que é ruim, de maneira fácil, pois o bom é sempre mais trabalhoso e de árdua construção. É mais automático reclamarmos, do que fazermos um elogio. Preste atenção: como anda o seu bom? Está aí ainda em seu potencial humano?
Sendo assim, é mais cômodo estarmos em stress do que em férias.
Façamos um exercício. Encontre as suas abençoadas férias. Insista, persevere. Invente-as, será delicioso! Chame o bom para si. A luz, a energia divina.
E, quando estiver preparado, de malas prontas, viaje! Mesmo sem sair do lugar, diga a si mesmo, "estou de férias". Viaje para aquele lugar paradisíaco, para aquele estado de serenidade e paz.
Para o "seu" lugar.
De férias, em um piscar de olhos e a uma batida do coração.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Anonimato?

Chega de anonimato. 
Chega de não ser visto, ouvido, comentado. 
Chega do anonimato do que você gosta, do que você quer, de quem você realmente é. 
Diga, pronuncie, com todas as letras, que você veio para ficar. Que você já tem lugar marcado, e não é nos bastidores. 
Grite, a plenos pulmões, o que você quer falar para todo mundo, o que você quer DECRETAR ao mundo. Decrete a sua felicidade, ninguém mais é responsável por ela, somente você. Chame a sua felicidade para perto, enlace-a, seja seu dono.
Faça barulho, chegue junto, não seja descartável para nada nem ninguém: você não é reciclável. É matéria bruta, é espírito forte, é fora de série. Você é perecível, mas somente na carne, seu espírito é infinito. 
Extraordinário, em sua ordinariedade. 
Peito aberto, no meio da tempestade. 
Seguro, em meio à contrariedade. 
Aventureiro feliz, com a vida que Deus lhe deu. 
Sincero como ninguém, vai à luta e nunca leva mágoa, é leal nos princípios e líder de si mesmo, por natureza.
Anonimato? Para quê, do que você tem vergonha ou porque iria se esconder?
O medo é um abismo de escuridão, por que você iria gostar da sua companhia? Sua presença é indesejada, abra a porta e expulse-o, agora.
Não tem lugar para sentimentos infrutíferos em você: suas cadeiras ficam vazias, a maior parte da sua plateia é do bem, te aplaude e te apoia. 
Anonimato, só se for para as coisas ruins. Esquecimentos necessários, fatos insensatos, emoções corrosivas. Se fica nas sombras, é porque não tem luz própria. 
Não dá mais para não assumir a sua verdade: chegou a hora de ser notado! 
De se esquivar do anonimato e ir para o abraço. E que seja um abraço intensamente gratificante! 
Pense bem, você merece estar sob os holofotes. 
De outra forma, não estaria aqui, driblando, glorificando e construindo esse milagre, chamado VIDA, como um verdadeiro e talentoso artista! 

domingo, 30 de abril de 2017

Qual sua emoticon de hoje?


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Tenho refletido muito. 
Tenho me perguntado muito, são tempos estranhos. Há algo desencaixado, não? 
Tenho me angustiado com questões filosóficas e pessoais. Transcendentais. 
Tenho me perguntado em que posso melhorar, o que posso realizar para me integrar, o que desejo verdadeiramente, e, finalmente, onde me posiciono hoje perante a minha vida: qual seria o status da minha vida? Se fosse um emoticon, qual deles seria?
O fato é que a definição, em si, não existe. Não há um estado de espírito cem por cento: feliz, triste, ansioso, calmo, abençoado, agradecido, animado, solitário, etc, como aqueles do facebook. Posso me sentir feliz em um momento, e completamente solitária, em outro. Posso estar no fundo do poço, mas ainda sentir-me grata. Ou estar momentaneamente animada, sem ter abandonado a tristeza por completo. Quem nunca se sentiu com raiva, ainda que sua alma fosse pacífica? 
Uma coleção de emoções, é isso que somos: criaturas com diversidade de sentimentos que criam suas filhas, as emoções. Criaturas errantes dentro de nós mesmos, somos totalmente "metamorfose ambulante", com certeza e muito bem dito por Raul Seixas. 
Somo um arco-íris de emoções. Tantas nuances, tantos tons e cores: fortes, suaves, impactantes, que acalmam, que transmitem energia, que provocam uma sensação de paz. Porém, é muito mais complexo, somos também um coquetel de misturas de origens antagônicas, similares, que se estranham e que se complementam. O resultado de nossas infâncias, com nossas maturidades, juntamente com todas as influências que recebemos. Estímulos e desestímulos. amores e desamores, desastres e vitórias, palavras e pensamentos. Ensaios de atitudes e atitudes tomadas que concretizaram fatos e acontecimentos (para o bom ou para o ruim).
Penso que naquele dia memorável em que respondo não a uma determinada pergunta, determinei uma parte de minha vida. Me lembro da maneira como fui tratada por certa pessoa, uma vez, que selou nossa amizade. Investigo, dentro de mim, os dias que me moldaram, qual a razão de certas tendências, o porquê de gostar e desgostar. De gostar do que pode não ser bom para mim e de desgostar do que pode ser muito útil e libertador. 
São tempos estranhos. Não encontro minhas definições, o tempo corre com a velocidade da luz enquanto fico parada, um eco de ontem e uma minuta de amanhã. 
Não entendo o que acontece no mundo hoje, desprezo essa ganância, essa mania de querer ser mais das pessoas em geral, a suposta perfeição de suas vidas. O vazio habita as redes sociais e os corações... não sinto espiritualidade nem amor, não sinto ressonância nem entendimento na contemporaneidade. 
Então, onde fico no meio disso? Qual emoticon me definiria agora? Qual seria mais fiel ao que sinto, nesse exato momento?
Não sei, preciso descobrir. 
Qual seria o seu? Quem sabe, uma carinha feliz? 
Mas se não for, sem problema, uma vez que não há um emoticon para o estado de espírito "indefinido" ou, simplesmente, "em descoberta". 
Acredito que "estranho" também não seja um dos perfis mais exibidos nas redes sociais, porém, é assim que nos sentimos, ocasionalmente, durante os caminhos percorridos, nessa longa estrada de sentimentos e emoções mescladas, em profusão. Nesse arco-íris metamórfico ambulante. Status: um estranho sentimental. 

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Você já ouviu o seu animal interno?

O que há por trás de uma incessante insatisfação?
Por que nos sentimos incomodados, chateados, inquietos, etc, aparentemente, por motivo algum?
Nesses casos, algo há. Não é natural nem é à toa, andarmos de mãos dadas com sentimentos diminutivos. Desgastantes, desencaixados. Sentimentos que, muitas vezes, nem conseguimos definir, dar-lhes nomes. É natural que eles venham, mas porque há motivos. E não podem ser ignorados. 
Existe, dentro de nós, um animal que deve ser alimentado. Um sonhador que deve ser munido de sonhos. Um solitário que precisa de atenção. Um aventureiro que clama por novidades. Um artista que só quer se expressar. Uma mulher determinada que quer mais. Um homem com medo de ser quem ele é. 
Existe, em nós, tanto de nós quanto de personagens diversos. 
Alimentar essas personas não é uma tarefa simples, nem assertiva. É complexa e repleta de labirintos. Quem de nós precisa de atenção nesse momento? Quem está aí dentro, enclausurado, batendo loucamente nas portas da nossa alma, reclamando suas necessidades? Será o animal, o aventureiro, o passivo-oprimido? 
Difícil detectar. Eles se mostram por indícios que podem nos confundir, e passar por outras sensações. 
Está com depressão sem saber o motivo? Pode ser um disfarce de uma das personas desesperadas para saírem, eclodirem em você de forma inescapável. 
Sente que não está inteiro em vários setores de sua vida? É provável que precise preencher e atender o desejo de uma (ou mais) de suas partes, entender de qual delas é a necessidade e entregar-se à esta descoberta. Assumí-la e completar a sua incompletude tão evidente. 
Tem sempre alguma delas buscando pelo seu alimento, arranhando a parede frágil que as protege. Estão falando sem parar para um público vazio, reclamando por serem atendidas... Estão em seus póros e em seu coração. 
Sim, elas todas são, unicamente, VOCÊ. Elas são a soma de todas as suas facetas, e consomem emoções como consumimos alimentos. Elas sentem e pulsam, e, logo, aparecem os sentimentos que as refletem.
Busque-as. Mergulhe em si mesmo, e nesse mar profundo de sua psiqué, encontrará as personas que estão longe de você. 
Ouça e perceba qual delas está mais submersa. Quando descobrir, incorpore o que é saudável e benéfico para ela. 
Qualquer que seja a sua natureza, ela apenas quer viver. Respirar e ser.
Da próxima vez que sentir-se estranho e deslocado, vasculhe atentamente: pode haver um animal rugindo, uma mulher destemida e pronta para tudo ou um louco varrido cheio de ideias para colocar em prática. Aproveite, use as qualidades de suas personalidades da melhor forma possível: ruja, aja, pratique o impraticável e tudo o mais que estiver inteiramente ao seu dispor.  

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Festival de sorrisos

No festival mais lindo de toda a história, havia centenas de sorrisos. Eles povoavam todo o espaço disponível e enchiam os olhos de todos os presentes. Eram tantos e tão diferentes que nunca se viu nada igual.

Eram de todos os tamanhos, cores e sentimentos, larguras e alturas diferentes. Sorrisos largos, curtos, abertos, fechados, completos, inteiros, escancarados, tímidos e devastadores. Eram sorrisos de homens e mulheres, carregados de emoção, mistério, charme, sedução, repletos de promessas indizíveis no recôncavo de suas diretrizes.

Alguns escondiam intenções que podíamos captar, como um convite para se entreter, entrar em seu universo e conhecer seus domínios escondidos, ou seus sonhos alardeados.

Outros, eram tão sinceros que não se podia ignorar, lábios e curvas para se adorar, com uma vasta carga elétrica do que precisar: aconchego, amizade, saudades ou pura empatia!

Sorrisos que sequer posso descrever, cuja aparição é um fenômeno à parte, de efeito bombástico, é um sorriso que não só se admira: ele te chama e te captura. Segura seu alvo em uma teia indescritível de beleza hipnótica, cuja visão é fatal, paixão avassaladora que não há igual, históricos de amor sem fim, desenhados especialmente para imobilizar, seduzir os corações: é o que faz o sorriso matador.

Outros dançam no festival esperando na escuridão, tímidos e contidos como uma emoção ainda não nascida, algo a se perscrutar, sem definição, e uma curva do lado que não sabe para onde vai, fica imóvel, um rascunho do sorriso pode se tornar.

Fico a divagar, sorrisos irmãos ao meu lado, todos representando fraternidade, e o mais sublime amor: desinteressado, afetuoso e livre, como um suspiro enlevado. São todos distintos e iguais, sem preconceito, amigos e felizes. Todos alegres, em curvas curtas e longas, bocas abertas e fechadas, pretos e brancos, mágicos e confiantes no futuro.

Não há do que duvidar: o festival de sorrisos é o melhor para se prestigiar, onde a alma acha o seu lugar, no qual cada sorriso acha o seu par e o mais reluzente é sempre aquele que encanta com seu charme natural e brilho espiritual, o sorriso mais poderoso que nos dá a energia vital.

Neste festival, é proibida a entrada de alguém que não seja sorridente: mesmo estando triste ou angustiado, o melhor é se fingir de contente, pois a cada sorriso que se dá com contrariedade, ganha-se uma dezena, com muita vontade.

Sendo assim, pode escolher, dentre todos do festival, o que mais lhe servir e for igual, aquele que contiver o seu apelo, desde o frio até o mais quente, mas se for o seu sorriso par, que seja ímpar, novo e magnífico, dentre todos. Que seja destinado a você, na imensidão de sorrisos universal, qualquer que seja sua preferência, que ele reflita toda a sua virtude, na beleza encantadora de sua essência!Festival de sorrisos

No festival mais lindo de toda a história, havia centenas de sorrisos. Eles povoavam todo o espaço disponível e enchiam os olhos de todos os presentes. Eram tantos e tão diferentes que nunca se viu nada igual.

Eram de todos os tamanhos, cores e sentimentos, larguras e alturas diferentes. Sorrisos largos, curtos, abertos, fechados, completos, inteiros, escancarados, tímidos e devastadores. Eram sorrisos de homens e mulheres, carregados de emoção, mistério, charme, sedução, repletos de promessas indizíveis no recôncavo de suas diretrizes.

Alguns escondiam intenções que podíamos captar, como um convite para se entreter, entrar em seu universo e conhecer seus domínios escondidos, ou seus sonhos alardeados.

Outros, eram tão sinceros que não se podia ignorar, lábios e curvas para se adorar, com uma vasta carga elétrica do que precisar: aconchego, amizade, saudades ou pura empatia!

Sorrisos que sequer posso descrever, cuja aparição é um fenômeno à parte, de efeito bombástico, é um sorriso que não só se admira: ele te chama e te captura. Segura seu alvo em uma teia indescritível de beleza hipnótica, cuja visão é fatal, paixão avassaladora que não há igual, históricos de amor sem fim, desenhados especialmente para imobilizar, seduzir os corações: é o que faz o sorriso matador.

Outros dançam no festival esperando na escuridão, tímidos e contidos como uma emoção ainda não nascida, algo a se perscrutar, sem definição, e uma curva do lado que não sabe para onde vai, fica imóvel, um rascunho do sorriso pode se tornar.

Fico a divagar, sorrisos irmãos ao meu lado, todos representando fraternidade, e o mais sublime amor: desinteressado, afetuoso e livre, como um suspiro enlevado. São todos distintos e iguais, sem preconceito, amigos e felizes. Todos alegres, em curvas curtas e longas, bocas abertas e fechadas, pretos e brancos, mágicos e confiantes no futuro.

Não há do que duvidar: o festival de sorrisos é o melhor para se prestigiar, onde a alma acha o seu lugar, no qual cada sorriso acha o seu par e o mais reluzente é sempre aquele que encanta com seu charme natural e brilho espiritual, o sorriso mais poderoso que nos dá a energia vital.

Neste festival, é proibida a entrada de alguém que não seja sorridente: mesmo estando triste ou angustiado, o melhor é se fingir de contente, pois a cada sorriso que se dá com contrariedade, ganha-se uma dezena, com muita vontade.

Sendo assim, pode escolher, dentre todos do festival, o que mais lhe servir e for igual, aquele que contiver o seu apelo, desde o frio até o mais quente, mas se for o seu sorriso par, que seja ímpar, novo e magnífico, dentre todos. Que seja destinado a você, na imensidão de sorrisos universal, qualquer que seja sua preferência, que ele reflita toda a sua virtude, na beleza encantadora de sua essência! 

sábado, 25 de junho de 2016

Indo embora de algo ou de alguém

Ir embora de algo ou alguém, é um dos atos de coragem mais difíceis de se realizar.
Quando estamos em determinada circunstância, ou situação, já enredados por ela, envolvidos, seja pelo lado bom ou ruim, ou nem por um ou outro, apenas pelos caminhos que nos levaram até lá, é muito doloroso abandoná-la. Somos completamente incapazes de pensar com clareza no que é melhor para nós, principalmente se este melhor, for ir embora.
As mãos não soltam, o coração não aceita, os pulmões não respiram. Temos a impressão de que nossa vida depende disso. Então, não conseguimos ir embora. Continuamos ali, respirando o ar viciado, apertando as mãos fortemente, nos dizendo que escolhemos aquilo e que devemos permanecer.
Ir embora implica em tanto, que preferimos não pensar. Implica em nos reinventarmos, em conhecer outros horizontes e outras complicações, em arriscar-se em uma escuridão que atribuímos ao desconhecido. Implica em ir até lugares internos que nunca visitamos. Ficamos com o conhecido e confortável de nós mesmos.
Ir embora é abandonar a zona de conforto. É, também, deixar o outro ir, seja algo ou alguém. É mudar de mundo, é encontrar outro mundo.
Por isso, é admirável quando alguém se vai. Desfaz o apego, põe os medos em xeque, arrisca um rumo que não conhece, e, na bagagem, uma colorida e desconhecida nova história, uma paleta de possibilidades, um mundo estranho, de língua estrangeira - estrangeira para aquele que não conhece outra língua, a não ser a do apego.
Falar outra língua é como se reprogramar (e estou falando da língua do coração), é acreditar que ir embora pode ser uma grande e inacreditável façanha, que trará a liberdade e a conquista que, somente indo embora, teríamos a possibilidade de experimentar. Ficando, jamais poderíamos conhecê-la.
Escolhemos não ir embora, ou ir. A maioria de nós escolhe ficar, porque é o que se espera. Porque pessoas sensatas não vão embora do que demoraram tanto para construir (relacionamento ou qualquer outra coisa). E isso as acorrenta. Ninguém é obrigado a nada, mas obriga-se. Infelizmente, ainda há muito que evoluir nesse conceito. Quem escolhe ir, é o diferente e excêntrico, talvez até, egoísta, para muitos. Porém, quem tem visão, enxergará um espírito livre e desprendido, que já se deu o suficiente, que já fez o suficiente, já esteve ali por tempo demais. Naturalmente, seu desejo é conhecer fronteiras inéditas. E assim, o faz. Não é nada fácil, exige maturidade e muita segurança em seu propósito para combater as forças que lhe dizem para ficar.
Quer ir embora de algo ou alguém? Então, comece. Prepare-se psicologicamente, e comece a empacotar. Doloroso e angustiante? Claro, mas somente encerrando ciclos é que poderemos iniciar outros, e criar novos enredos e relações que nos tornarão pessoas mais completas, almas mais sábias, e, seguramente, desbravadores de nós mesmos.


Leia até o final, não é balela de autoajuda. É autopreservação

Você merece mais uma chance. Você precisa de mais de um amigo de verdade. Você não precisa de mais aborrecimentos do que já tem. Você...