Não tenho mais espaço... Para ouvir músicas das quais não
gosto. Para seguir caminhos que não me atraem. Para executar atividades
indesejáveis, que já fui obrigada a executar. Para criar laços frágeis que não irão durar. Para
ser quem não quero ser.
Já não tenho mais espaço para
reclamações infundadas, fúteis ou tolas. Para pessoas que não se valorizam, que
não sabem o que tem de precioso em suas mãos e passam a vida murmurando
discursos derrotistas.
Não tenho mais espaço nem tempo a
perder, preocupando-me com o que as pessoas pensam, sentem e
falam ao meu respeito. Elas continuarão a falar, julgar e rotular,
independentemente do que eu sinta. Só quero o respeito alheio. Por este, brigo
com unhas e dentes.
Não tenho mais espaço para armazenar
questões mal resolvidas, discussões sem solução, lágrimas que ficaram para
trás. Quero, sim, seguir em frente com as questões bem resolvidas, discutir e
brigar por aquilo que tiver valor, e chorar pelo momento, e não pelo que já
passou.
Não tenho mais espaço para
mastigar rusgas de amizades, aceitar infantilidades de outros, muito menos de
ficar perto de quem não saiba, verdadeiramente, qual é o sentido da amizade.
Não tenho mais espaço para
justificar minhas próprias ações a quem não as entenda, perdendo a voz tentando
alcançar o outro. Também não quero perder a voz sendo eu mesma. Aqueles que
tiverem o coração aberto, hão de me escutar.
Não tenho mais espaço para inventar
talentos que não possuo, mascarar ações que não fazem parte de mim, ou me virar
em três para, simplesmente, contentar alguém inalcançável.
Não tenho mais espaço para ser a
psicóloga do mundo. Não quero entendê-lo, fazê-lo meu algoz, ou, tampouco, um
lugar infernal de emoções controladoras. O espaço que tenho é para ser uma contempladora
e viajante dele, enfeitando-o com meus talentos, contribuindo com fraternidade e amor incondicionais.
Não tenho mais espaço para ir a
lugares que não me acrescentarão, participar de conversas que não dizem nada, estudar assuntos que nunca vou acessar, absorver ou utilizar.
Não tenho mais espaço para o
descartável, efêmero, superficial, monótono, soberbo, arrogante.
Não tenho mais espaço para acumular
conceitos e atitudes infundadas ou impostas impiedosamente, em meus espaços já
ocupados pelos meus belos sonhos, ensinamentos úteis e preferências pessoais.
Por fim, todos os meus espaços
são destinados ao melhor de TUDO, ao TODO sensacional, ao show diário da vida, à
ilimitada fonte de recursos divinos que todos temos bem ao nosso alcance: amor,
amizade, otimismo, beleza, perseverança, alegria, força, resiliência e tantos
outros, que você sabe bem quais são.
E quanto a você, está ficando sem
espaço também? Vamos lá, não é tão difícil assim: pare, pense, remova e reorganize
os seus espaços. Fique com folgas agradáveis, deixe o ar entrar, e seja mais
feliz, mais inteiro e solto, com todos os espaços que forem interessantes,
saudáveis e eficazes para sua vida ficar realmente... espaçosa.